Análise: plano de governo de Arnaldo Queiroz

 


O plano de governo de Arnaldo Queiroz (PSD) é pequeno: tem quatro páginas, sem capa. Não há quaisquer informações de identificação, de modo que, se o texto fosse entregue a um eleitor, este não saberia identificar de que candidato é o plano, a menos que reconhecesse as propostas a partir de vídeos e entrevistas de Arnaldo Queiroz. Tampouco há texto introdutório ou conclusivo. O que tão somente há são propostas, dividas em alguns segmentos, como analiso a seguir.

 

O primeiro eixo apresentado é a saúde. Nesse segmento, a principal promessa elencada é a construção do chamado “Hospital Municipal da criança, da mulher e do idoso”. Outros objetivos são “Implantar novas Unidades Básicas de Saúde (UBS) a fim de garantir melhor distribuição e equidade de acesso nas diferentes regiões de saúde” e “Criar políticas de cuidado e proteção à população animal, especialmente aos em condição de abandono”.

 

Em “Desenvolvimento social”, o candidato defende várias propostas de valor subjetivo, o que dificultaria uma análise posterior que visasse a avaliar o cumprimento das promessas do plano de governo. Exemplos: “Incentivar o ensino profissionalizante”, “Incentivar a aplicação da lei de inclusão no mercado de trabalho e serviço público dos portadores de necessidades especiais” (saber se algo foi ou não incentivado suficientemente é algo muito relativo). Ainda assim, é relevante o objetivo de “Recriar o PROMAM, presentes em outras administrações municipais” — trata-se da Fundação Municipal de Promoção da Criança e Adolescente de Patos de Minas, cujo imóvel de mais de 15 mil m² foi cedido pela Prefeitura ao SESC em 2018 para que este usasse o espaço por 20 anos.

 

No multitema de “Educação, cultura, esporte e lazer”, Arnaldo Queiroz promete “Estabelecer uma política permanente de reciclagem dos professores da rede municipal”, “Revitalizar o Mocambo” e “Promover a criação de novo plano de cargo e salários para educação”. Não obstante, nesse setor, parte considerável das propostas deixam dúvidas, como “Apoiar os profissionais da Educação Básica para que realizem cursos de especialização” (será um apoio moral? financeiro? logístico?), e “Implementar parcerias com clubes e associações para a prática esportiva” (para quem seria essa parceria? estudantes? idosos? toda a população?).

 

Em “Defesa social”, há apenas duas propostas, que são “Expandir o Sistema olho-vivo” e “Incentivar a formação de um maior número de Redes Solidárias de Segurança Pública”. Assim, a pergunta que fica é: com apenas essas duas ações seria possível garantir a melhora da defesa social no município de Patos de Minas, considerando nossos preocupantes índices de violência na cidade, nos distritos e no meio rural?

 

O eixo de “Planejamento urbano, mobilidade e urbanismo” é o único em que há objetivos específicos para além da área urbana de Patos de Minas, como “Terceirizar da manutenção das estradas rurais”, “Promover o asfaltamento da estrada de ‘Alagoas’” e “Planejar os Distritos, dotando-os de serviços públicos, área comercial, espaços de lazer, de atendimento da saúde, de educação, de moradias, de segurança, de geração de emprego e renda”. Acerca da cidade, são relevantes as propostas de “Construir a nova rodoviária” (a atual é não é mais suficiente?), “Construir a cidade administrativa”, “Melhorar e finalizar, com a cobertura do canal, a Avenida Fátima Porto” e “Urbanizar a lagoa ao lado do ‘Posto Patão’”. Sem dúvidas, esse é o eixo mais robusto do plano de governo de Arnaldo Queiroz.

 

Em “Desenvolvimento econômico e administrativo”, a proposta mais impactante é a de “Promover a rescisão do contrato com a COPASA”. A Companhia do Saneamento de Minas Gerais é a responsável pela prestação de serviços de saneamento na maior parte do estado mineiro. Se ela deixasse de atuar em Patos de Minas, quem entraria em seu lugar? Infelizmente, essa pergunta não é respondida no plano de governo. A maioria dos outros tópicos desse segmento são subjetivos, como “Valorizar o servidor público municipal”; ordinários, como “Implementar política de agregação de valor, através da tecnologia”; ou geram dúvidas, como “Incentivar Parcerias Público Privadas - PPP para o desenvolvimento de atividades e setores específicos” (quisera saber quais atividades e setores...).

 

Por fim, o último tópico é de “Transparência e comunicação”. Nele, o candidato elenca, novamente, apenas dois objetivos: “Aprimorar o portal da Prefeitura para torná-lo mais ágil e compatível com dispositivos móveis” e “Implantar programas de Avaliação de Desempenho dos Servidores com transparência e democracia”. Não haveria mais coisas a serem exploradas nessa temática?

 

De um modo geral, o plano de governo de Arnaldo Queiroz é incompleto por estrutura — faltam elementos essenciais em qualquer plano de governo — e por conteúdo — muitas questões de suma importância para o município não foram respondidas no documento. Ainda assim, o paralelismo sintático foi bem empregado durante o texto, demonstrando conhecimento prévio sobre a escrita de metas em tópicos — o que não deveria ter dispensado um revisor, a fim de tratar os erros de escrita e de digitação cometidos.


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