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Mostrando postagens de janeiro, 2021

Breve comentário sobre o Enem

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  O Enem 2020 foi um lixo, superando até as minhas pessimistas expectativas. A vontade que tenho é de pinicar os cadernos de prova. O Inep nunca mostrou ser tão incapaz e irresponsável quanto este ano. Para começar, a História foi apagada. Conforme apontou José Freitas Neto, professor de História da Unicamp e diretor da Comvest (comissão que organiza os vestibulares dessa universidade), o Enem “calou-se sobre as grandes questões e temas mais próximos dos séculos XIX e XX. O silêncio, em História, é mais revelador do que o que se afirma. Queremos ignorar os reais problemas de nossa sociedade? Ignorar o passado escravocrata e o autoritarismo ditatorial? Não houve guerra mundial, fascismo ou Guerra Fria no século XX?”.   Além de ter apagado a História, o exame cultuou a confusão nas questões de linguagens. Os gabaritos extraoficiais se dividiram várias vezes. Dependendo de qual eu seguia, minha nota era alterada em até 11%. Ontem, quando saiu o gabarito oficial do Enem, o Inep disse s

Paris não é aqui; Paris é logo ali

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  “E na TV, se você vir um [...] plano de educação que pareça fácil, que pareça fácil e rápido, e vá representar uma ameaça de democratização do ensino do primeiro grau, [...] pense no Haiti, reze pelo Haiti” (Caetano Veloso e Gilberto Gil).   Sei muito bem que não sou um cientista, um médico ou um professor, mas o que quero falar não parte de instrução, mas de experiência. Passei meus últimos doze anos, bem mais do que metade da minha vida, em escolas públicas no município de Patos de Minas. Foram nove em uma escola da rede municipal de ensino, no distrito de Alagoas, e três no IFTM.   Alguns chamam aqui de Paris de Minas. Definitivamente, Paris não é aqui. Mas está perto daqui: a apenas alguns minutos de caminhada de onde eu moro. De vez em quando, faço caminhada em seu “ boulevard ”. Certa vez, a elite de Paris de Minas batizou seu “ boulevard ” de “Avenida Liberd’arte”. Bonito nome. Os parisienses-mineiros são sempre muito criativos e engajados nas causas sociais, como a de

O primeiro grande desafio de Falcão

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Lembro-me muito bem de quando Luís Eduardo Falcão postou, em 24 de outubro do ano passado, uma foto de sua medicação no Instagram Stories . Na época, ele estava diagnosticado com covid-19, e interrompeu suas visitas de campanha para recuperar-se em casa. O remédio usado por ele foi hidroxicloroquina, de eficácia comprovadamente nula para o novo coronavírus. Nesse período sombrio do negacionismo científico e de teorias mirabolantes, um medicamento contra a malária assumiu significados políticos.   Com efeito, à medida que o tempo passa, mais se constata que Falcão não tem compromisso algum com o presidente Bolsonaro (o que é ótimo), mas que lança mão de artifícios de discurso para persuadir para si os apoiadores do presidente. Demais, percebe-se que Falcão ainda tem ares de um típico filiado do NOVO (que desde sua criação já nasceu velho), apesar de ter saído do partido. Assim, seus flertes frequentes com Romeu Zema, governador do estado, não são um jogo de aparências, mas um real alinh