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Mostrando postagens de setembro, 2020

Isto não é tudo, meu querido Quino

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  No dia catorze deste mês, quando submeti um resumo expandido de meu projeto de pesquisa “A ótica freiriana em Quino como recurso educacional” ao sétimo EnPE (Encontro de Pesquisa e Extensão do campus Patrocínio do IFTM), tive um estranho pressentimento de que eu faria uma apresentação in memoriam . Ontem, no aniversário de 56 anos de Mafalda, recebi a decisão editorial favorável à minha apresentação no evento e à publicação do resumo em seus anais. E, hoje, recebi a triste notícia de Quino havia falecido. Mas quem foi Quino? E por que relacioná-lo a Paulo Freire? Retiro um parágrafo de meu trabalho para explicar um pouco: “A existência de uma intertextualidade significativa entre as produções de Paulo Freire e de Quino pode ser presumida pelas semelhanças entre suas visões de mundo. O desenhista argentino não ignorou a crise política pela qual passava seu país e tentou refletir sobre a radicalização social crescente de sua época (COSSE, 2014, p. 66). Suas tiras e seus cartuns, a

Falha de S.Paulo

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  A Folha é falha. Depois do editorial “Jair Rousseff”, no qual o jornal comparou uma democrata torturada pela ditadura a um ex-capitão defensor de torturas e de torturadores – e após seu diretor de redação tecer uma autocrítica em relação a esse título, chamando-o de “infeliz” –, surge um novo editorial: “Volta às aulas”, publicado no dia oito de setembro.   Diz o texto: “Prolongar fechamento de escolas trará danos e aumentará a desigualdade”. Como argumentos em defesa do retorno às aulas presenciais, o jornal diz: “Nesta altura, torna-se claro que a chamada segunda onda da pandemia é evento incomum. [...] Nos países onde houve retorno às aulas, predomina a baixa ocorrência de infecções em ambiente escolar e raríssimos casos fatais.”   Com efeito, a Folha parece ignorar a realidade: neste mesmo mês, foi enviado à Comissão Europeia um relatório, elaborado por um hospital de Barcelona e pela Universidade Politécnica da Catalunha, alertando a União Europeia acerca da segunda ond

Outdoors visíveis e invisíveis

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  Acompanho, por meio de fotos, os novos outdoors que foram instalados em Patos de Minas. Lembro-me de uma aula de português instrumental que tive no ano passado, em que meu professor comentou: “Só enxergamos o outdoor que nos interessa”. De fato, isso é algo muito verdadeiro: o cartaz pode ter dimensões gigantescas e estar à nossa frente, mas, se o anúncio não é “para nós”, então não o percebemos – ou, se o percebemos, esquecemo-nos dele instantes depois.   Com efeito, um cartaz é eficaz quando sua mensagem é bem transmitida ao seu público-alvo. Logo, se há um pôster feito para adolescentes sobre um novo aplicativo, não importa, para a transmissão da mensagem, se idosos não compreenderem seu texto. Tampouco é importante que falantes da língua portuguesa consigam entender um anúncio que será veiculado na Rússia, por exemplo.   No ano passado, desenvolvi um projeto de pesquisa que visava a analisar semioticamente postais e cartazes soviéticos de comemoração do dia da mulher. Se