Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2020

À memória de meus fantasmas

Imagem
[Texto publicado na coluna de literatura do Jornal de Patos .]

Pegue o seu celular

Imagem
               – Pegue o seu celular, pois quero fazer um teste.      Assim disse minha avó, em um dia recente. Ela queria me telefonar. Após conversar um bom tempo com sua cunhada e entender apenas metade do que foi dito do outro lado da linha, e depois de prosear com sua nora – também por meio do celular – em meio a falhas na comunicação, vovó Maria desconfiou de seu aparelho. Não que ele fosse novo – geralmente, desconfiamos do desconhecido –, senão com bons anos de uso: trata-se de um modelo antigo da Nokia, daqueles de “teclinhas”.      Moro com minha avó desde o início de 2018. Em todo esse período, só ligamos um para o outro quando estivemos distantes; lembro-me, por exemplo, de telefonar avisando que eu chegaria mais tarde a casa porque eu iria ao cinema – em épocas remotas, antes da existência da Covid-19. Desta vez, contudo, conversamos por telefone estando no mesmo lugar. Dizem que casais infelizes, ou irmãos incombináveis, preferem enviar mensagens de texto um para o outro

Poema de minha autoria em revista da UFRJ

Recebi, hoje, a notícia de que o poema “Os tempos de Dona Pretinha”, de minha autoria, será publicado na próxima edição da Revista intransitiva , um periódico da UFRJ. Segundo Willian Machado, o editor-chefe, estes foram alguns dos comentários dos avaliadores: “O poema é bem trabalhado no ritmo e tem uma fluência e uma doçura que encantam.” “Destaca-se a combinação de forma e conteúdo, em que a própria disposição dos versos, as escolhas vocabulares e as estruturas linguísticas paralelas ‘refletem’ o ‘vaivém’ do pedal da máquina, o ‘vaivém’ do tempo, da memória e, em última análise, da própria estruturação do poema e dos movimentos de leitura - retrospecção e prospecção.” Assim que for publicada a nova edição da Revista intransitiva , compartilharei o texto neste blogue.

Minhas viagens à Inglaterra

Imagem
Tenho passado boa parte do tempo na Inglaterra. É um refúgio. Lá, não tenho problemas com a pandemia do novo coronavírus – até mesmo porque minhas viagens diárias são à Inglaterra do passado, da primeira metade do século XX. Na verdade, só me lembrei da Covid-19 com o surgimento da gripe espanhola em 1918, a qual levou, abruptamente, a vida de uma jovem que eu tanto estimava.  Passo meu tempo livre em Downton Abbey, embarcando-me na série homônima. Nada obstante, apesar de a produção britânica ser fictícia, não ouso chamar minhas viagens de mera ficção. Com efeito, sinto-me ali, fazendo parte da história da família Crawley e seus empregados. E que há de mais real do que o sentimento? As almas só vivem se sentem.  Talvez isso revele uma carência minha, ou uma insatisfação com minha vida monótona, pois às vezes me vejo rezando por alguma das personagens da trama, à distância. Por vezes, também me noto estando ao lado de personagens bondosas, ou desgostando de outras. Mas isso não é própr