Minhas viagens à Inglaterra


Tenho passado boa parte do tempo na Inglaterra. É um refúgio. Lá, não tenho problemas com a pandemia do novo coronavírus – até mesmo porque minhas viagens diárias são à Inglaterra do passado, da primeira metade do século XX. Na verdade, só me lembrei da Covid-19 com o surgimento da gripe espanhola em 1918, a qual levou, abruptamente, a vida de uma jovem que eu tanto estimava. 

Passo meu tempo livre em Downton Abbey, embarcando-me na série homônima. Nada obstante, apesar de a produção britânica ser fictícia, não ouso chamar minhas viagens de mera ficção. Com efeito, sinto-me ali, fazendo parte da história da família Crawley e seus empregados. E que há de mais real do que o sentimento? As almas só vivem se sentem. 

Talvez isso revele uma carência minha, ou uma insatisfação com minha vida monótona, pois às vezes me vejo rezando por alguma das personagens da trama, à distância. Por vezes, também me noto estando ao lado de personagens bondosas, ou desgostando de outras. Mas isso não é próprio da vida?

Downton Abbey tem-me sido hospitaleira. Porém, Violet Crawley insiste que o mundo real é muito diferente do mundo romântico da ficção. Ela está correta. Já estou na última temporada. Quando eu acabar a série, devo voltar aos meus estudos. Downton Abbey pode tê-los atrasado um pouco, mas possivelmente terei um bom repertório sociocultural para a redação do Enem.

Na verdade, creio que Downton Abbey tem-me feito mais real.


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