Análise: plano de governo de Adrian Paz

 



Inicio, com este texto, uma série de análises que farei acerca dos planos de governo dos sete candidatos a prefeito em Patos de Minas. Meu objetivo não é compará-los, mas identificar os melhores e os piores pontos de cada plano, individualmente. Para isso, seguirei a ordem alfabética dos nomes dos políticos, tal como aparece no site do Tribunal Superior Eleitoral.

 

Adrian Paz (PRTB) tem um plano de governo muito sucinto: cinco páginas, incluindo a capa. Nesta, ele aparece com os dizeres “Deus, Família e Patos de Minas” e “‘E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.’ João 8:32” — o que manifesta, implicitamente, seu conhecido alinhamento ao presidente Jair Bolsonaro. De início, o candidato promete “mudar a atual realidade de Patos de Minas, deixando a velha política para trás” e, dentre outras metas, desenvolver “uma gestão moderna e ágil para promover [...] a recuperação da máquina pública municipal”, o que em tese é possível de ser cumprido, já que o presente governo municipal conseguiu, ao longo da gestão, zerar uma dívida de mais de 110 milhões de reais.

 

Logo abaixo dessa parte introdutória regular há, entretanto, uma estranha divisão de tópicos: Adrian Paz apresenta seus “Principais Eixos Conservadores” e suas “Diretrizes das propostas administrativas”. A respeito dos primeiros, são muito curiosos, pois não se tratam de eixos, nem têm qualquer relação com o conservadorismo. Na verdade, são apenas perguntas, as quais transcrevo a seguir:

 

“Por onde começarmos para termos uma cidade humanizada e com pessoas acolhidas e atendidas?”, “Como nosso plano de governo pode ir além da sugestão de propostas?”, “Como a realidade de nosso município afeta a vida das pessoas?”, “Quais são os gargalos, endividamentos e prioridades que irão definir nossas estratégias de trabalho?”.

 

Nessa seção há, ainda, um último tópico: “Com estas respostas, bom senso e sensibilidade, poderemos apresentar políticas públicas ajustadas, realistas e conseguiremos ainda demonstrar por que elas são eficazes.” Não obstante, as perguntas levantadas não são respondidas em nenhum lugar do texto.

 

As chamadas “Diretrizes das propostas administrativas” são, ao menos, condizentes com o nome que recebem — e executáveis, ainda que não sejam acompanhadas de detalhamento.

 

As metas da seção de saúde pública são boas, mas que não envolvem números. Em uma possível avaliação posterior de governo, caso Adrian Paz seja eleito, será difícil avaliar o cumprimento das promessas do político nessa área, uma vez que muitos dos tópicos por ele elencados são de valor subjetivo (“Como Poder Executivo, participar ativamente da organização das Conferências Municipais de Saúde”). Sem embargo, as numerosas referências de saúde elencadas por ele nesse segmento indicam um bom conhecimento ou investigação prévios.

 

A respeito da educação, o planejamento do candidato é absurdamente insatisfatório. Seus únicos itens elencados são a “implantação da Escola Cívico Militar” e a “Reativação do projeto Fundação PROMAN e do CSU unificados”. Apesar de o próprio Adrian Paz reconhecer que “A luta por uma educação melhor não é só responsabilidade dos professores e pais, mas do poder político”, sua falta de metas para essa esfera da administração municipal é preocupante.

 

No eixo temático do agronegócio, suas propostas voltam a serem poucas, vagas e generalizadas: “Promoção de cursos para aprimorar o conhecimento de nossos produtores rurais desde o plantio, a cuida o manejo e a venda de seus produtos”, “Criar condições para agregar valor aos produtos rurais visando melhor preço de venda”, “Suporte técnico e condições para diversificação de nossa agricultura, saindo da monocultura”.

 

No segmento de “emprego, renda, indústria, comércio e serviços”, o candidato elenca apenas cinco objetivos para todas essas áreas interconectadas. O último ponto, de criação do “Polo Tecnológico e da Agroindústria”, chama a atenção, pois Patos de Minas não se parece em nada com um polo tecnológico ou um polo agroindustrial, mesmo que aqui haja tecnologia e agroindústria.

 

Em “interesse social”, Adrian Paz fala, na realidade, de infraestrutura — o que de fato é do interesse social, mas este não se limita a isso. O objetivo de “Buscar recursos para reforma e ampliação das casas para a população de baixa renda na cidade e distritos” é excelente, se cumprido. Nada obstante, “Criar o sistema de trabalho em mutirões para acelerarmos os serviços de reforma e construção de casas populares atendendo com êxito em tempo mais ágil a entrega de casas à população” parece-me improvável de ser realizado — quem, com os conhecimentos necessários, se disporia a trabalhar gratuitamente para a prefeitura na construção de casas?

 

Na perspectiva da segurança pública, as metas de Adrian Paz são boas e executáveis, apesar de que a palavra “ostensivamente” em “policiar mais ostensivamente as áreas tidas como mais problemáticas na sede do município e dos distritos” parece-me meio obscura.

 

Em “Turismo, esporte, lazer e cultura” e em “Infraestrutura, habitação e saneamento básico”, o candidato elenca suas melhores propostas. Algumas são, de fato, excelentes, como a valorização e a promoção do turismo rural e o desenvolvimento de práticas esportivas em modalidade de extensão nas escolas do município (primeiro segmento), e “Intermediar junto as operadoras de celular, uma solução para os problemas de sinal telefônico em todo o município” (segundo segmento).

 

Acerca do tema “Servidor público”, todavia, não há muita inovação. É interessante que se cumpra a promessa de “escolhas técnicas”: de fato, é uma promessa velha na política local, mas que comumente é descumprida.

 

Por fim, o eixo “Meio ambiente”, ainda que esteja um pouco desorganizado, mostra boas intenções de preservação da natureza e dos espaços urbanos. A promessa de “Incentivos financeiros como descontos em alguns impostos para a população urbana que plantar mais arvores nas calçadas” chama-me a atenção acerca de sua probabilidade de execução, que me parece ser baixa.

 

De modo geral, caracterizo o plano de governo de Adrian Paz como incompleto, ainda que objetivo. Questões importantes não foram abordadas, e alguns temas ficaram sem metas suficientes para um bom planejamento. Sua extensão pequena, de cinco páginas, faz meu texto de análise ser quase do tamanho de seu plano de governo. No mais, faltou um revisor para corrigir erros de português e estimular o paralelismo sintático, o qual considero importante ao se elencar metas em tópicos.


Comentários

  1. Olá, Teófilo, parabéns pela atitude, que, nesse caso, torna-se uma bela contribuição para a cidade. Abraços.

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