E-mail de uma poeta a um leitor

Agradeço o seu e-mail a respeito do último livro que publiquei, Poemas cotidianos. Em seu texto, você diz que se sentiu identificado com o personagem amado pelo eu lírico de alguns poemas de amor que compõem a obra; em especial, dos poemas das páginas 25 e 26. Por fim, você elogia a mim e ao meu livro, comparando-me a alguns dos meus poetas prediletos e comparando Poemas cotidianos a alguns dos meus livros preferidos. Muito obrigada.

De fato, querido Valério, eu pensava em você quando escrevi os poemas que você menciona. Não tenho, de forma alguma, o talento dos escritores que você aponta, mas reconheço que os poemas que escrevi foram bem escritos. Talvez, a beleza que os caracteriza se deva mais à matéria de inspiração (você) que à habilidade desta autora.

Drummond, Szymborska, Pessoa — os poetas que você menciona — foram sublimes. Mas nenhum deles falou de você. Isso me torna uma poeta que, embora não tenha escrito o mais belo, falou do mais belo. Esse é o único diferencial que eu talvez tenha em relação ao conjunto dos grandes poetas que existem ou que já existiram. Isso, é claro, se você já não tiver sido transformado em poesia por outras pessoas, mais talentosas do que eu nessa arte que se apresenta tão gentil aos apaixonados.

No mais, gostaria de conhecer melhor a matéria-prima de meus poemas. Caso seja de seu interesse conhecer melhor aquela que o está transformando em poesia, podemos marcar um encontro.

Um beijo.

Ana


Computador Portátil, Mãos Humanas

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