Ontem me senti bastante envergonhado. Explico: ultimamente tenho dedicado os meus dias, quase todos, ao estudo para um concurso público de nível médio. Na verdade, venho me preparando para ele desde bem antes de sair o edital; é algo ao qual realmente estou dedicado. As matérias que preciso estudar não são muitas. A maioria delas, já as havia estudado com mais ou menos afinco, por serem recorrentes em concursos e por eu estar estudando para outro concurso — que as cobra —, de nível superior, há bom tempo. Uma matéria exigida pelo exame de nível médio, porém, não consta no edital desse outro concurso, de modo que eu ainda não havia me preparado para ela. Acontece que deixei para estudá-la no final. A razão disso foi a seguinte: trata-se de um conhecimento com que posso certamente dizer que tenho intimidade, por me acompanhar desde a infância. Dessa forma, não é algo que eu precisaria estudar para a prova desde o início. Falo da matemática. A matemática me acompanha desde pequeno. Chegue
Três dias após sua visita, em que dormiu em minha sala, pus, na máquina de lavar, a roupa de cama usada por ele, junto a roupa de cama usada por mim. Quando retirei toda a roupa, que já não mais cheirava a ele ou a mim, mas a amaciante, notei que havia, em diversas peças, fios de cabelo. Meu cabelo é castanho. O dele, loiro. Na fronha em que repousei a cabeça ao longo da semana, havia um fio loiro. Na coberta que o aqueceu naquela noite fria, um fio castanho. Na manhã seguinte, quando o encontrei, recomendei que tomássemos cuidado com nossa iminente calvície.
(1) Citei a frase “Minha pátria são os amigos”, mas não me lembrava do autor dela. Agora me lembro: é Alfredo Bryce Echenique. (2) Cantei “Você me abre seus braços / E a gente faz um país”. Ele abriu os seus braços e a gente fez um país. (3) Minha pátria são os meus amigos e minha pátria me encanta. Mas também me encanta o estrangeiro. (4) Às vezes a gente faz o estrangeiro abrindo as bocas. (5) Às vezes, com braços e bocas abertos, a gente faz o mundo.
Comentários
Postar um comentário