Pensamentos sobre o ato da escrita
(1) Às vezes, acho que
escrever é inútil. Mas confesso que nunca pensei que ler fosse inútil. “Mas,
para ler, é preciso que alguém escreva”, dirá-me alguém. Discordo: é também
possível ler o que não está escrito — o que é, aliás, uma das coisas mais úteis
do mundo.
(2) Se não gostas de
mim, podes gostar, ao menos, de meu eu lírico. Se não gostas de mim, podes
gostar, ao menos, de meu narrador em primeira pessoa. É por essa possibilidade
adicional de te atrair a mim que ora escrevo.
(3) Perguntam-me se
escrever vale a pena. Minha resposta é: hoje em dia, não. Não se usa mais pena
para escrever. Mas ainda vale o lápis, a caneta, a tecla do computador.
(4) Hoje vi um livro
sobre o ato da escrita. Era um calhamaço. Não o li, pois quero aprender a
escrever sozinho.
(5) Há uma canção da banda Pink Floyd em que Stephen Hawking afirma que a fala permitiu que a humanidade construísse o impossível, e que tudo o que precisamos fazer é assegurarmos que continuemos conversando. Eu apenas acrescentaria que também é preciso garantir que continuemos escrevendo canções.
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