Quem é “@expondocasoescravo”?


Não sei, e esse é o problema. Desde que o caso de Madalena foi noticiado no Fantástico, na semana passada, a página “EXPOSED CASO MADELENA” tem ganhado força no Instagram: já são quase 50 mil seguidores. Eu não vinha dando muita atenção à página, mas hoje um amigo meu comentou comigo que o perfil começou a arrecadar dinheiro, então achei necessário escrever este texto.

 

A primeira coisa a se considerar são as contradições do “@expondocasoescravo”. Este é um diálogo da madrugada de hoje, que está nos stories da página:

 

Interação: Será que o X vai continuar casado com a Y?

@expondocasoescravo: Eles se separaram.

Interação: O X e Y se separaram?

@expondocasoescravo: Sim

Interação: A Y não separou ela está em PM [Patos de Minas] junto com ele muita gente já viu eles juntos

@expondocasoescravo: Ué se vc tá dizendo tão tá né...

Interação: A Y NÃO SEPAROU

@expondocasoescravo: De novo você? Já disse que se vc falou tá falado. Não vou te dar biscoito

Interação: É um fake que tá mandando que a Y não separou?

@expondocasoescravo: Nem perdi meu tempo vendo o perfil. Mas é muita coragem neeeee

Interação: Como ficou sabendo da separação da Y? Será que é verdade?

@expondocasoescravo: Ai gente onde tem notícias eu estou. Por isso me valorizem. Meu chefe tá querendo até me demitir pq não saio do celular

Interação: O X separou da Y por causa dessa situação toda?

@expondocasoescravo: Acredito que sim mas não vou afirmar pq não tenho certeza

 

Além dessa novela, também chama atenção a informação que a página divulga de que duas personagens da história receberam o auxílio emergencial. Isso porque são divulgadas duas capturas de tela do site do benefício, em que consta: “Olá, A”; “Olá, B”. Ou seja: alguém acessou o sistema com as informações pessoais dessas personagens (CPF, nome completo, nome da mãe e data de nascimento).

 

A página também não hesita divulgar informações sobre membros da família e pessoas próximas: nome, onde mora, cônjuge, o que faz da vida, como tratava Madalena.

 

Tudo isso suscita uma dúvida: quais são as verdadeiras intenções da página? Foi criada uma “vaquinha” on-line, em nome de Mateus Gomes, de Uberaba, com o suposto objetivo de “dar um celular e outros presentes para Madalena! Como uma forma de carinho e apoio”. Até o momento em que escrevo este texto (9h50), sete pessoas já contribuíram (sendo quatro anônimas), totalizando R$287,00. Conforme stories do “@expondocasoescravo”, a meta é comprar um celular de R$2199,00 — antes, queria-se um de R$999,00, mas decidiu-se adquirir um aparelho de mais que o dobro do preço porque “a memória [daquele] não é boa” (32 GB). Quando havia sido arrecadada a quantia de R$262,00 por meio dessa plataforma, o perfil informou que “com o dinheiro que recebemos via transferência e Pix + o dinheiro que já entrou na Vakinha falta muito pouco!”. Entretanto, não achei qualquer dado para transferência bancária ou Pix.

 

Não estou dizendo que quem está por trás desse perfil no Instagram está usando-o como artimanha. Mas aconselho cuidado. Talvez haja apenas bons propósitos (e tomara que seja só isso, mesmo), mas os caminhos que o “@expondocasoescravo” está seguindo não estão bem sinalizados, e isso não se pode negar.

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