Patos de Minas precisa de jornalismo investigativo
Vi muitas pessoas
acusando os veículos de comunicação patenses de esconderem o caso de Madalena,
revelado no último domingo em rede nacional. Supostamente, os jornais da cidade
saberiam do caso e não o noticiaram. Acho muito improvável, e gostaria de dizer
o porquê. Mas, antes de qualquer coisa, afirmo que meu intuito com isso não é defender
a imprensa patense — na realidade, tenho severas críticas a ela —, senão fazer
uma breve análise na posição de um leitor e consumidor dessa mídia.
Em primeiro lugar, acho
improvável que a imprensa de Patos de Minas soubesse do caso porque, grosso
modo, não existe jornalismo investigativo na cidade. Sei que o conceito de “jornalismo
investigativo” é controverso, pois, a princípio, todo jornalismo é (ou deveria
ser) investigativo. Mas me refiro ao que é feito por sites como The Intercept
ou Agência Pública. Nunca li, por exemplo, uma matéria patense em que foi dito
que uma informação foi obtida mediante a Lei de Acesso à Informação, algo que
eu mesmo já fiz.
Em segundo lugar, a
imprensa de Patos de Minas muitas vezes (senão na maioria das vezes) funciona
como um “jornalismo de encomenda”. O sujeito ou a instituição entra em contato,
pede para que isso ou aquilo seja noticiado, e assim é feito. Tanto é que, vira
e mexe, matérias são publicadas com marcas fortes de subjetividade e de marketing, dizendo que o novo supermercado
da cidade é bonito, tem preços baixos etc.
Ademais, ainda que algum
veículo de notícias patense tivesse alguma informação sobre o caso, acho
improvável que a publicasse, não por interesses políticos ou de favoritismo,
mas por ausência de provas. Até mesmo os grandes sites de jornalismo
investigativo, como os que eu citei anteriormente, só revelam o que pode ser comprovado.
Assim, o que o caso de Madalena revela sobre a imprensa patense não é que esta seja interesseira (o que não a impede de ser), senão que ela é pouco investigativa. Patos de Minas precisa de jornalismo investigativo sério. Entretanto, penso que, infelizmente, essa carência não será solucionada tão rápido.
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