Análise: plano de governo de Frederico Galvão
O “plano de governo” de Frederico Galvão (PCO) tem, ao todo, 37 páginas.
Uso aspas para me referir ao seu “plano” porque não se trata de um programa de
governo de um possível prefeito, mas de um texto no qual o candidato defende
suas convicções revolucionárias socialistas aplicadas ao cenário nacional,
elencando objetivos que nem mesmo um presidente da República — muito menos um
prefeito municipal — poderia alcançar sem a aprovação da Câmara e do Senado,
pois seriam necessárias emendas constitucionais.
Patos de Minas não é mencionada uma vez sequer no documento, assim como
qualquer um de seus distritos. As especificidades da realidade patense não são
exploradas de nenhuma forma no documento. Tampouco é mencionado o nome do
candidato, talvez porque nem foi ele mesmo quem escreveu o “plano”: o arquivo de
Frederico Galvão é o mesmo arquivo do candidato Victor Assis, de Recife (PE),
por exemplo.
Ainda assim, tentarei analisar algumas questões defendidas no texto aplicando-as
ao cenário de Patos de Minas. Como não posso inferir certas certezas, contudo,
o máximo que posso fazer é levantar incertas dúvidas.
Ao posicionar-se contra a saúde privada e a favor da estatização dos
serviços de saúde, como o diálogo e as parcerias seriam mantidas com os
hospitais particulares do município?
Ao chamar as eleições deste ano de antidemocráticas, “superando até
mesmo o período da ditadura militar”, participar delas como candidato político
não seria afirmar aos patenses que a Democracia deveria ser rejeitada?
Ao defender “a luta pela dissolução da Polícia militar e de todo o
aparato repressivo”, Frederico Galvão está dizendo que os esforços da
Prefeitura para a segurança pública de Patos de Minas deveriam enxergar a PM
como inimiga?
Ao desejar o fim da educação remota e o cancelamento do ano letivo, o que
o candidato faria para remediar a perda escolar dos milhares de estudantes do
município?
Ao querer a suspensão do Enem e dos vestibulares, como o candidato
enxergaria ser possível a admissão de alunos no Unipam, na FPM, no IFTM e na
UFU, por exemplo?
Ao almejar a “Estatização de todo o ensino em todos os níveis”, como
seria mantido o diálogo entre a Prefeitura e as instituições de ensino
particulares do município?
Ao objetivar o fim das escolas militares, como Frederico Galvão manteria
boas relações com o Colégio Tiradentes da PMMG de nossa cidade?
Ao buscar a legalização das drogas, o candidato, se eleito, ignoraria os
problemas relacionados ao consumo e à venda dessas substâncias nos bairros mais
violentos do município?
No mais, o texto, contrário a tantas regras, parece também ser contrário
a algumas regras gramaticais, bem como às orientações mínimas de paralelismo
sintático.
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