Catolicismo ou bolsonarismo
Não
tenho a propriedade de dizer que católicos verdadeiros não possam ser
apoiadores de Jair Bolsonaro em tempos de novo coronavírus, mas tenho o direito de
elencar os cinco pontos seguintes:
1. Na nota “Em defesa do SUS, da ciência e da vida!”, de
25 de março, a Juventude Franciscana (JUFRA) do Brasil manifestou repúdio ao
pronunciamento de Bolsonaro no dia anterior sobre a pandemia. Diz parte do
texto: “discursos como este, matam. Enquanto o mundo se une para tentar
encontrar maneiras de superar a pandemia, o Presidente do Brasil incentiva sua
transmissão a partir deste discurso, colocando em risco toda a população
brasileira”.
2. No documento “Pacto pela Vida e pelo Brasil”,
subscrito pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no mês passado,
é defendido: “o isolamento se impõe como único meio de desacelerar a transmissão
do vírus e seu contágio”. Vale recordar que, em 2018, Bolsonaro chamou os
bispos de “a parte podre da Igreja Católica”.
3. Na nota “Posicionamento da CNBB – Em defesa da
Democracia, pela Justiça e pela Paz”, do final de abril, a mesma entidade expõe
que “É com perplexidade e indignação que [...] ouvimos declarações enviesadas
de desprezo pela vida, por parte de agentes públicos sobre a morte de milhares
de brasileiros e brasileiras contaminados pela covid-19; que vimos acontecer
eventos atentatórios à ordem constitucional, [...] onde se defendeu o
fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, a volta do AI-5
e o retorno aos sombrios tempos da ditadura”.
4. Em nota de 21 de abril, o Serviço Interfranciscano
de Justiça, Paz e Ecologia (Sinfrajupe) escreveu, sobre Bolsonaro: “Desconsiderando
a crise que enfrentamos devido ao COVID19, o presidente coloca em risco as
instituições democráticas e ameaça direitos fundamentais da população à vida e
à saúde.”
5. Matéria em alemão do portal de notícias oficial do
Vaticano, Vatican News, publicada hoje (06/05), fala sobre o
Brasil: “O presidente continua minimizando o perigo do vírus; no entanto, os
bispos estão determinados a combater o coronavírus”. Vale recordar que, em fevereiro
deste ano, Bolsonaro criticou o Papa Francisco: “falou ontem que a Amazônia é
dele, do mundo, de todo mundo”; “o papa é argentino, mas Deus é brasileiro”.
Por
fim, suplico: quem se diz “a favor da vida” em campanhas contra o aborto deve,
também, defender o isolamento social. A fé católica não é feita de aparências,
e é incompatível com certas posturas.
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