Quarentena faz brasileiros se interessarem por árabe
Ontem,
caí em um vídeo sobre a língua árabe no YouTube.
Achei interessantíssimo: no árabe, não existem os sons “pa”, “ga” e “va”, por
exemplo. Ademais, escreve-se e lê-se da direita para a esquerda. Mal acabei a
videoaula e passei à próxima; desta vez, cultural: o modo de os árabes
receberem suas visitas. Aprendi que, caso eu visite um árabe, devo ir de
estômago vazio, e que, no fim, posso ter minha sorte lida por meio do pó
sobrado em minha xícara de café.
Confesso
que continuei a assistir a vídeos sobre o tema, mas sempre me esquecendo de
algo: ler os comentários. Ah! Foi outro ponto curioso. Havia dezenas de
comentários recentes, dos últimos sete dias, em todos os vídeos a que assisti, gravados
três ou quatro anos atrás. Pensei: “então, não sou o único a me interessar por
árabe, nestes dias”.
Ora,
transcrevo alguns comentários que li: “Eu
estava sem nada pra fazer na quarentena e olha aonde vim parar”, “Como se escreve coronavírus em árabe?”,
“Professor, veja só, já está quase
recebendo a plaquinha!”. Atenção especial dou ao último, escrito há seis
dias: o internauta refere-se à placa de congratulações que todo canal no YouTube recebe ao completar cem mil
inscritos. Nada obstante, ontem, quando conferi o número de inscritos no canal,
li cento e doze mil e, hoje, adicionaram-se dois mil.
Intrigado,
decidi perguntar aos meus amigos se também não haveriam se interessado por
árabe recentemente. Eis a resposta de meu amigo Michel: “Curiosamente, e assustadoramente, eu acabei de ver um vídeo
introdutório sobre a língua árabe”. Pouco tempo depois, também recebi
mensagem de meu amigo Arthur Pereira: “Vi
dois vídeos de introdução ao árabe, mas é muito complicado”. E, hoje, meu
amigo Arthur Borges informou-me que um vídeo sobre a escrita árabe aparecera-lhe
nas recomendações do YouTube.
Ora,
ainda não tenho uma explicação incontestável para o curioso fenômeno. Meu pai
sugeriu-me verificar se o interesse nacional não haveria se intensificado
também para o aprendizado de outras línguas. Hoje, pesquisarei se isso se
comprova para o neerlandês e o catalão. Fato é que tão somente um possível ócio
trazido pela quarentena a alguns é incapaz de explicar a tendência, pois eu e
meus amigos estamos muito atarefados, devido às mudanças no ensino-aprendizagem
neste período.
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