Os frutos virais da incoerência administrativa
O
cientista político Sérgio Abranches já deixou claro em análise recente: uma das
poucas coisas que já sabemos sobre o novo coronavírus é que quanto pior a
governança, piores os impactos da pandemia. Foi o caso da Itália, da Espanha e
dos EUA, que se encontravam em estado de instabilidade ou má gestão políticas
logo antes dos primeiros casos surgirem.
O
problema é que as condições normais do Brasil são de instabilidade política e má gestão,
desde alguns anos. O que mais se nota nestas terras, com efeito, é a
incoerência administrativa. Basta se inteirar dos últimos comportamentos de
Jair Bolsonaro para se averiguar a questão: o presidente diz que a Covid-19 é
um resfriadinho, o presidente usa máscara; o presidente ameaça demitir seu ministro
da saúde, o presidente prega união.
Condições
parecidas são observadas nas Minas Gerais: o governador defende isolamento
social, o governador diz que não deve ocorrer isolamento social porque “o vírus
deve viajar”; o prefeito de Patos de Minas diz que todos devem ficar em casa, o
prefeito de Patos de Minas abre o comércio.
Infelizmente,
a incoerência administrativa tem consequências virais: com efeito, percebemos
que a situação de quase todos os espaços do Brasil apenas se agrava, porque, de
fato, estas terras tropicais carecem mais de gente coerente que de samba e futebol.
E a Justiça não faz Justiça aos incoerentes do cume. É como está no haicai “Sobre
o país do futebol”, do Parnaso, meu
primeiro livro: “Disse o juiz:/– Foi
penalidade máxima;/Cobrar neste século!”.
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