A crise de meia-idade do PDT
O
Partido Democrático Trabalhista está com quarenta anos e em crise de meia-idade.
Nas eleições de 2018, o candidato Ciro Gomes foi um verdadeiro destaque; com
boa oratória, soube ser oposição ao PT e a Bolsonaro. Experiente, com boas
propostas e argumentação convincente, conquistou o apoio de grande parte da
centro-esquerda.
Mesmo
o PDT terminando em terceiro lugar nas presidenciais, logo depois surgiu um
grande fenômeno no partido: Tabata Amaral. Jovem, dinâmica, inteligente e
crítica. Representou muitos não só da centro-esquerda, como também de setores
mais à esquerda de suas próprias convicções. Tudo isso até chegar a tão
amotinada Reforma Previdenciária do Brasil.
O
apoio público de Tabata em favor da reforma descontentou a maioria de seus
apoiadores; ainda assim, continuou sendo inspiração para parte da
centro-esquerda favorável à reforma e, depois, parte da centro-direita,
popularmente chamada “Centrão”. Mas não por muito tempo: os jornais deixaram de
se preocupar com Amaral. Ela foi desaparecendo dos grandes veículos de notícias
e da consideração popular. Hoje, é apenas uma figura na memória de alguns, como
uma canção de funk que já não é mais “do momento”.
Ciro
Gomes, igualmente, teve contínua queda de popularidade. Lançou excessivos
impropérios a Lula quando este estava sendo libertado. Desanimou a esquerda
favorável ao ex-presidente. Em 2020, chamou Mandetta de “carrapato” que não teve a “dignidade” de renunciar
após embates com Bolsonaro. E, também neste ano, seu irmão Cid Gomes, também do
PDT, revolveu pilotar uma retroescavadeira em ocasião um tanto delicada,
levando um tiro.
Hoje,
o presidente do partido, Carlos Lupi, anunciou que entrará com um pedido de
impeachment contra o “mito”. Impeachment, vale lembrar, é um processo lento,
pouco pragmático, cujo enredo é uma luta de interesses políticos de partidos.
Não é a opção mais conveniente para a destituição de Bolsonaro, no momento.
Em
suma, a crise de meia-idade do PDT pode ser caracterizada por fissuras em seu
crédito perante o eleitorado, derivadas de disparos de ataques externos e de conflitos
ideológicos internos. É interessante que a sigla atravesse a crise antes das
próximas eleições presidenciais; a centro-esquerda já é pouco expressiva;
quando um de seus principais componentes é indigno de fé, toda a sua marca é
também desacreditada.
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