VELHO
“Eu vejo o futuro repetir o passado”. O verso de Cazuza é a primeira coisa que me vem à
mente quando me lembro de um recente partido político, fundado em 2011, de nome
NOVO. Muitas coisas têm nomes que enganam: quem ouve falar de “mão-curta” pela
primeira vez pode pensar que se trata de uma mão pequena, quando, na verdade,
trata-se de um pequeno veado de corninhos, que nem mãos possui.
Com
o Novo, ocorre algo semelhante. Quem escuta pela primeira vez seu nome até
imagina se tratar de um partido pragmático e que executa uma política jovem e
inovadora. Ledo engano. Assim como o mão-curta não tem mão, o Novo não tem
novidade.
Quem
procura inovação no Novo decepciona-se. O máximo que neste se possa achar é uma
sobra de “empreendedorismo”, uma palavra grande demais para meu gosto. Não
obstante, quem olha o Novo com um pouquinho de atenção, e de discernimento,
enxerga o passado: vislumbra a grotesca “velha política”, particularmente
executada por intermédio de elementos laranja.
E,
como tenho tempo, não hesito em argumentar com um fato “novo”: o diretório
estadual do partido em Minas Gerais emitiu nota, há cinco dias, na qual informa
que somente lançará candidatos mineiros nas cidades de Belo Horizonte, Araxá,
Contagem e Poços de Caldas – e também em Juiz de Fora, mas apenas a vereadores.
Ora,
logicamente, a má nota – ou melhor, a “manota” – do Novo não agradou àqueles
que desejavam concorrer a cargos políticos municipais, o que levou, imediatamente,
a desfiliações (que foram noticiadas por portais como Diário de Uberlândia e
Patos Hoje), as quais, logo mais, levarão a mudanças de agremiação.
Chamo
isso de “velha política” porque é evidente que os elementos do partido, que
agora estão se retirando, mais estavam neste por interesses pessoais que
coletivos. Há quem objete, alegando que sempre houve isso na maioria dos
partidos brasileiros. Concordo: por esta mesma razão, uso o adjetivo “velha”.
Com
efeito, a diferença entre o Novo e as demais organizações políticas talvez seja
sua peculiar hipocrisia, que se escancara no próprio nome. E, quanto mais o
tempo passa, menos recente fica o partido, e mais sólida sua impostura. Resta-me,
apenas, citar Cazuza “de novo” para aqueles que não são partidários da mão curta,
senão da invisível: “O tempo não para”.
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