Foram as coadjuvantes

Meu
último sábado foi inspirador e artístico. Fui a Belo Horizonte a fim de
participar do lançamento do livro As
aventuras do tempo, da escritora Míriam Leitão, e, mais tarde, do show
“Claros Breus”, da cantora Maria Bethânia. Ambas as atrações estrelavam em
território mineiro.
A sessão de lançamento da obra
literária ocorreu no Museu dos Brinquedos, no Centro. Cheguei pontual, às
quinze horas da tarde. Vi bonitas crianças brincando, cantando, dançando.
Esperavam, assim como eu, algo iminente. E, assim, chegou Míriam: de vermelho,
trazendo um sorriso consigo.
Alguns minutos depois, descobri que uma
das crianças que ali estavam era uma importante coadjuvante daquela tarde: “a pequena Mel, menina linda, de pele morena
e uma vasta cabeleira preta”, como a descreve precisamente a primeira
página do livro no qual a menina é protagonista.
E logo vi também a “vovó Beth”: uma carismática mulher, irmã de Míriam Leitão, com
quem tive a oportunidade de conversar um pouco. Mas quem ma apresentou foi
outra senhora, muito simpática, que quis puxar assunto comigo na fila de compra
de exemplares.
Anna era seu nome. Contou-me, na
verdade, que só soube da existência do segundo “n” em seu substantivo próprio recentemente,
ao atualizar algum documento. Papo vai, papo vem, percebi que ela era uma
grande amiga da família Leitão. Comentei que eu seguia o blog de Matheus, e foi
assim que fui apresentado a Beth, tia do jornalista.
Encontrei-me com Anna novamente na fila
de autógrafos. À medida que íamos proseando, outros passavam à nossa frente sem
que percebêssemos e tomavam nossos lugares. Não nos importávamos; a conversa
parecia ser mais prioritária. Em dado instante, tirei um exemplar de Lágrima da mochila, minha obra lançada
no dia anterior, e dei à minha nova amiga de presente – foi dessa forma que
descobri (e memorizei) o seu nome.
Contei-lhe um pouco de minha história,
e a interlocutora de meu assunto contou-me a sua. Comentei minhas origens, e meu
interesse em cursar letras na UFMG. Falei que escrevia crônicas (como esta, na
qual ela protagoniza). Anna pareceu-me encantada. Pediu-me contato. Anotei, na
última página de Lágrima, meu número
de telefone e endereço de e-mail. Despedimo-nos.
À noite, no show de Bethânia, sentei-me
em uma fileira ainda não ocupada. Sem embargo, eu lia no telão que os ingressos
do espetáculo haviam se esgotado; logo, raciocinei que não demoraria muito até
que alguém se sentasse nas cadeiras vizinhas.
Dito e feito. Assim o fez outra senhora
simpática. Começamos a falar da esperada cantora. Minha companheira de momento
disse-me que já havia presenciado uma inesquecível apresentação dela em
Inhotim, Minas Gerais. Comentei que agora era a primeira vez que a via
pessoalmente, mas que a escutava desde muito.
Falamos de outros cantores brasileiros de
que gostávamos. “Amo Nana Caymmi, Gil,
Caetano...”, disse-me minha acompanhante, à qual revelei que também os
amava. Conversamos sobre outras artes, e, com maior apreço, sobre a literária.
Duda – infelizmente, só me lembro de
seu apelido – já publicara dez livros, como me informou. Contei-lhe que escrevi
dois. “De quê?”. Respondi: poesia. E
então conversamos sobre poemas e poetas. Falamos de Rilke, Tagore, Neruda,
Drummond, Pessoa... Duda recitou-me alguns versos. Não é sempre que se encontra
alguém com quem se possa dialogar a respeito de tão nobre tema.
Aproveitamos o evento juntos. Maria
Bethânia brilhou, em rubro forte. O repertório de “Claros Breus” é encantador;
e a voz e a presença de palco da menina de Oyá, mais ainda.
O tempo passou rápido. Não é assim? Quando
estamos em lugar desagradável, tudo é lento; mas em boa companhia, as horas
voam... São estas as aventuras do tempo. E minhas boas companhias de sábado não
foram as protagonistas de vermelho, senão as coadjuvantes.
Comentários
Postar um comentário