Escrever, ato de alegria



Ouço muitas pessoas dizerem que gostam de escrever quando se encontram tristes. Algumas já me disseram, inclusive, que sentem mais facilidade em expressar suas ideias em meio a lágrimas. Acerca disso, apenas deixo minha admiração, pois é algo que, a mim, é muito custoso (escrever em momentos difíceis).

Ora, a escrita, para mim, é prazer. E, assim como perco a vontade de fazer coisas de que gosto quando estou a remoer alguma amargura, transforma-se, também nesses instantes, de saborosa a insossa a produção de textos.

A escrita, em minha vida, ocupa lugar de destaque, logo abaixo da leitura. E acrescento que esta, também, não me chama a atenção em circunstâncias de tristeza.

Todavia, algo que amo fazer, em episódios felizes e infelizes, é escutar música. É claro que as canções, os compositores e os cantores costumam diferir de um momento a outro; contudo, a música é-me uma “companheira de todas as horas”.

E isso me faz refletir um pouco. Um dia desses, estive meio deprimido e achei um tablete de chocolate esquecido em meu quarto e melhorei. Comi-o, sorri e tive vontade de deliciar-me com mais alimentos doces, embora estes não existissem mais à minha volta.

A conclusão que tiro dessa história e das minhas próprias reflexões feitas anteriormente é que, na verdade, o que passa a não ter valor para mim quando estou triste são as coisas de que gosto e participo de forma ativa. Assim, meus prazeres passivos são preservados. Um exemplo disso é que, mesmo eu desejando canção e comida nessas situações, não me vem à cabeça o anseio de tocar um instrumento ou cozinhar.

Um leitor atento pode ter pensado que estou a esquecer-me do ato da leitura, o qual mencionei em parágrafo qualquer. Não, digo; pois, para mim, ler é algo mais ativo que passivo. Enquanto o leitor lê este texto, tece, simultaneamente, teorias, como a de que o autor esteja em momento de alegria, ou, simplesmente, que este que aqui lhe fala seja um vulgar narrador, que difere de qualquer emoção que o autor possa estar sentindo.

Desvinculados ou não, narrador e autor concordam neste ponto: escrever é, de fato, ato de circunstância.

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