O direito ao assento
Retornando à cadeira em que eu estava sentado três minutos atrás na lanchonete, acho-a ocupada por outra pessoa. Olhando ao redor, noto que todas as outras mesas já estão ocupadas. “Com licença, eu estava sentado aqui. Apenas fui ao banheiro.” Escuto como resposta: “Moço, não há nada seu aqui, ‘marcando’ este lugar”. Era verdade. Mas o que eu poderia ter deixado sobre aquela cadeira ou sobre aquela mesa para que se tornassem temporariamente “minhas”, se eu não levava nada nas mãos? Meus óculos? Meus sapatos? Descontente, mas preferindo não discutir com o homem que me tomou aquele assento que não era, comprovadamente, meu, saí da lanchonete e procurei outro lugar para me acomodar e comer alguma coisa. Fui parar em uma praça de alimentação, proporcionalmente menos cheia e com mais possibilidades de saciar-me e de eleger um assento para reservar-me o direito de usufruí-lo. Já sentado, enquanto eu comia um sanduíche, pensei por um momento sobre o acontecimento da lanchonet...